Empresas familiares: como superar os desafios

No mundo da beleza, muitos são os casos de empresas familiares de sucesso. Mas, trabalhar com familiares está longe de ser uma relação fácil, na qual basta ser “parente” para conquistar um cargo importante e com uma remuneração satisfatória ou, até, surpreendente.

“A grande dificuldade que essas empresas encontram é quanto à falta de profissionalização. A família conhece bem o seu negócio, que, muitas vezes, é transmitido por gerações. Porém a gestão acaba comprometida por problemas familiares envolvendo a condução dos negócios ou, até, a falta de estrutura de governança”, comenta Cristiano Correa, consultor empresarial e professor da área contábil e financeira da Trevisan Escola de Negócios.

Segundo o especialista, neste tipo de negócio, a profissionalização é um passo fundamental, uma vez que a partir dela várias outras áreas são impactadas, estabelecendo fluxos e processos. Correa indica que outro passo importante é a preparação para sucessão. Pesquisas apontam que a partir da segunda geração, a transição fica mais complexa por conta do aumento da família e do número de sucessores interessados.
 
“Entender que a empresa é uma entidade jurídica e que nem sempre pode-se fazer aquilo que se planeja (ou deseja) e da forma que se pensa é outro desafio importante. Uma maneira de se prevenir isso é criar regras claras de governança. O estabelecimento de boas práticas ajuda a prevenir problemas, mitigar riscos e conflitos, além de contribuir para a proteção dos interesses familiares”, afirma.
 
A contratação de um gestor externo é um ponto controverso na administração familiar, mas esta alternativa pode ser considerada quando há dificuldades na gestão. A questão do oferecimento de cargos e funções a familiares nem sempre é um problema, desde que o profissional esteja preparado e entenda os processos organizacionais. Para Correa, trabalhar com familiares nem sempre é uma tarefa fácil, pois pode levar a conflitos e divergências de ideias e interesses.

“O ponto forte é o nível de confiança provável que se pode obter, por entender que o familiar tem sempre o interesse de manter a solidez do negócio. A contratação do gestor externo deverá ser um consenso entre os acionistas que deverão entender suas funções para estabelecer e cobrar os resultados esperados”, recomenda.

Se os conflitos já foram estabelecidos, o especialista afirma que existem algumas formas de resolvê-los, desde a utilização de um mediador externo, que buscará em conjunto com as partes uma solução, até o estabelecimento de um conselho de família, que procurará encontrar mecanismos para a solução do conflito. Outra alternativa é o estabelecimento de acordos prévios, buscando criar normas internas para solucionar esses dilemas que, normalmente, estão carregados de aspectos emocionais que dificultam o acordo.